Cena de “Alien: Earth” (2025)
A série “Alien: Earth” estreia nesta terça-feira (12) no Disney+. A produção é ambientada em 2120, dois anos antes do período em que acontece a trama de “Alien: O oitavo passageiro” (1979), o primeiro filme da franquia criada pelo diretor Ridley Scott.
O longa de 1979 foi um marco para a ficção científica no cinema, ao mesclar elementos do gênero com o terror. É a primeira vez que o universo de “Alien” é retratado para a televisão, após oito filmes. A saga, no entanto, viveu de altos e baixos no cinema.
Neste texto, o Nexo explica a importância de “Alien: o oitavo passageiro” para a ficção científica, como a franquia se expandiu ao longo de quatro décadas e a recepção à nova série do universo de Ridley Scott.
A produção de “Alien: O oitavo passageiro” aconteceu na esteira do sucesso de “Star Wars: Uma nova esperança”, lançado em 1977. Os executivos da 20th Century Fox queriam um novo filme de ficção científica com naves espaciais.
Eles contrataram Ridley Scott, que havia acabado de lançar seu primeiro filme “Os duelistas” (1977). A produção mostra oficiais do exército francês se tornando inimigos durante as Guerras Napoleônicas. O longa venceu o prêmio de Melhor Filme de Estreia no Festival de Cannes e competiu na Palma de Ouro, prêmio máximo do evento.
A tenente Ellen Ripley (interpretada por Sigourney Weaver) é a protagonista de “Alien: O oitavo passageiro”. A trama acompanha a nave de mineração espacial Nostromo, com sete tripulantes. Eles estão retornando para a Terra quando recebem um pedido de ajuda em um planeta desconhecido, o LV-426.
Os tripulantes descobrem uma nave alienígena com um piloto morto. No local, encontram uma sala cheia de ovos. Um deles se racha e sai uma espécie de mini-polvo, que agarra a cabeça do engenheiro Kane (John Hurt). Mesmo com Ripley tentando impor a quarentena obrigatória a ele, os demais integrantes o colocam de volta na nave.
O animal morre, e Kane parece estar recuperado. Até que, durante o jantar, um indivíduo da espécie alienígena Xenomorfo rompe o peito do engenheiro, matando-o. A cena é considerada uma das mais marcantes do cinema.
Tanto os Xenomorfos como os demais monstros do filme foram projetados pelo artista suíço H.R Giger. “Alien: O oitavo passageiro” recebeu o Oscar de Melhores Efeitos Especiais em 1980.
Scott afirmou à revista Empire, em 2009, que o elenco não sabia o que sairia do personagem. “Se um ator está apenas agindo como se estivesse aterrorizado, não é possível obter a expressão crua, de um medo animal genuíno. O que eu queria era uma reação intensa”, disse o diretor.
A ideia da possessão do alienígena nos tripulantes foi inspirada em “O exorcista” (1973), de William Friedkin. Ao longo do filme, o Xenomorfo persegue e mata os demais tripulantes da nave, aos moldes do vilão Leatherface em “O massacre da serra elétrica” (1974), de Tobe Hooper.
Somente Ripley sobrevive e mata o Xenomorfo. Ela é uma das primeiras protagonistas femininas de filmes de ação, servindo de inspiração para personagens como Sarah Connor, em “O exterminador do futuro” (1984).
US$ 78,9 milhões
foi a arrecadação de “Alien: O oitavo passageiro” nos Estados Unidos. Foi a quinta maior bilheteria no país em 1979
O filme colocou Scott como um dos principais diretores de Hollywood no período. Nos anos seguintes, dirigiu produções como “Blade Runner: O caçador de androides” (1982), “Thelma & Louise” (1991) e “Gladiador” (2000).
A continuação da franquia aconteceu com “Aliens: O resgate” (1986). A direção ficou por conta de James Cameron, que havia dirigido “O exterminador do futuro” dois anos antes.
Em entrevista à revista The Hollywood Reporter, em 2019, Ridley Scott disse que nunca foi chamado para fazer a sequência de “Alien: O oitavo passageiro”. “Talvez por eu ter sido um cara difícil na época, eles não me quiseram de volta. Mas eu também tinha o hábito de não querer fazer uma sequência. Então, eu nunca teria feito”, afirmou o diretor.
Ellen Ripley retorna ao protagonismo na trama de Cameron. A personagem passou 57 anos em coma após os eventos do primeiro filme. Ao acordar, descobre que o LV-426 foi inteiramente tomado por Xenomorfos. Uma colônia de 70 famílias no planeta envia um sinal de resgate para a tenente.
US$ 85,1 milhões
foi a arrecadação de “Aliens: O resgate” nos Estados Unidos. Foi a quinta maior bilheteria no país em 1986
O filme foi um grande sucesso de público e crítica, recebendo sete indicações ao Oscar de 1987, inclusive de Melhor Atriz para Sigourney Weaver. A única vitória, contudo, foi para Melhor Edição de Som.
A franquia teve mais duas sequências no século 20: “Alien 3” (1992), de David Fincher (“Clube da luta”), e “Alien – A ressurreição”, de Jean-Pierre Jeunet (“O fabuloso destino de Amélie Poulain”). As continuações foram muito criticadas pela grande interferência dos executivos da Fox no roteiro e o distanciamento do clima de terror dos primeiros filmes.
A Fox retomou duas franquias famosas de ficção científica em 2004, com “Alien vs Predador”, de Paul W. S. Anderson (“Resident Evil”). A batalha entre os alienígenas foi criticada pelo roteiro acelerado e a falta de violência – teve classificação indicativa de 13 anos nos EUA.
A sequência “Alien vs Predador 2” (2007), dirigida pelos irmãos Strause, teve ainda mais repercussão negativa. O excesso de violência para compensar o filme anterior, o roteiro fraco, a má direção e a pouca iluminação são alguns dos motivos para os críticos considerarem o longa como o pior da franquia.
Enquanto o primeiro longa teve arrecadação mundial de US$ 177,4 milhões, o segundo teve uma bilheteria de US$ 130,4 milhões.
Ridley Scott tentou retomar a franquia “Alien” com o prólogo “Prometheus” (2012). Sob sua direção, o elenco é formado por nomes como Michael Fassbender (“X-Men: Primeira classe”), Charlize Theron (“Mad Max: Estrada da fúria) e Idris Elba (“O esquadrão suicida”).
O diretor afirmou à revista The Hollywood Reporter, em 2015, que fez o longa por ter se frustrado com o rumo das sequências. “Fiquei surpreso que nos três filmes seguintes ninguém fez a pergunta: ‘Por que o Alien, quem o fez e por quê?’”, disse Scott.
A trama se passa em 2093, com uma equipe de cientistas buscando respostas sobre a origem da humanidade. A tripulação chega a uma lua e descobre que os humanos foram formados por vida alienígena, chamados de Engenheiros. Eles tentaram acabar com a vida na Terra, criando armas biológicas parasitas, formadas por uma gosma preta, mas não foram sucedidos no plano.
O filme apresenta como o líquido viscoso alienígena gerou os Xenomorfos, a partir de misturas genéticas entre humanos, Engenheiros e uma lula alienígena. Além disso, “Prometheus” também se conecta ao filme de 1979 ao mostrar que o sinal captado pela nave Nostromo era de um Engenheiro morto.
US$ 403,3 milhões
foi a bilheteria mundial de “Prometheus”
O filme teve uma recepção mista do público, trazendo aspectos mais filosóficos sobre a relação entre homens e deuses para a franquia “Alien”, mas com menos terror.
A sequência “Alien: Covenant” (2017) se passa dez anos após os acontecimentos de “Prometheus”. O filme aumenta a carga de terror e faz uma mistura com a filosofia do anterior, mas que não foi de tanto agrado para o público, com uma arrecadação menos expressiva: US$ 240,8 milhões mundialmente.
Em 2024, o diretor uruguaio Fede Alvarez (“O homem nas trevas”) assumiu a direção da franquia e lançou “Alien: Romulus”. O filme foi bastante elogiado por retornar à origem da franquia, situando-se logo após os acontecimentos da trama de 1979. A história acompanha um grupo de jovens que entra em uma estação espacial abandonada e encontra os Xenomorfos.
US$ 350,8 milhões
foi a bilheteria mundial de “Alien: Romulus”
O gráfico a seguir mostra a variação das avaliações positivas da franquia “Alien” ao longo de quatro décadas. As notas são do Rotten Tomatoes, site agregador de críticas de cinema e televisão.
Os altos e baixos da franquia ‘Alien’
“Alien: Earth” está em produção desde 2020 e foi criada por Noah Hawley (“Fargo”). Ambientada em 2120, é a primeira vez que a franquia acontece inteiramente na Terra.
Ciborgues, sintéticos e humanos coexistem no planeta. Até que uma híbrida, que atende pelo nome de Wendy, é formada: uma robô humanoide dotada de inteligência humana. Após uma nave espacial cair na Terra com espécies alienígenas – incluindo um Xenomorfo –, ela precisa ajudar a salvar a humanidade.
94%
é a porcentagem de avaliações positivas de “Alien: Earth” no Rotten Tomatoes
“O resultado final é nada menos que um triunfo. Uma saga ‘Alien’ ao mesmo tempo familiar e totalmente nova. Uma fábula transumana perturbadora que se sustenta por si só, sem a presença de alienígenas”, afirmou o crítico James Dyer, em artigo na revista Empire.