
Pesquisador manuseando manuseando amostras com pupas do mosquito Aedes aegypti, no Instituto de Ciências Biológicas da USP
Um levantamento mostrou os 107 cientistas brasileiros mais influentes para a formulação de políticas públicas ao redor do mundo. O estudo foi publicado na quinta-feira (6) pela Agência Bori, divulgadora de pesquisas inéditas brasileiras, e pela Overton, plataforma de mapeamento entre ciências e políticas públicas.
A identificação das menções aos pesquisadores aconteceu pela análise em documentos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil. Os selecionados precisavam ter, no mínimo, 150 citações nos textos.
33,5 mil
é o número de documentos de políticas públicas que citam cientistas brasileiros de 2019 até junho de 2025
Neste texto, o Nexo apresenta os principais destaques do levantamento.
O maior número de menções a cientistas brasileiros aconteceu na formulação de políticas públicas a Ecossistemas e Uso de Terras. O mapeamento identificou 37 pesquisadores em documentos sobre desmatamento, conservação, restauração e regulação do clima. Os estudos serviram de base para programas de reflorestamento e orientaram acordos climáticos.
Além delas, as menções a pesquisadores do Brasil são nas áreas de Doenças infecciosas e vacinas; Clima e atmosfera; Doenças não transmissíveis e serviços; Alimentação e nutrição; Economia e finanças; Políticas públicas e governança; Energia e transição; e Educação.
Os cinco pesquisadores brasileiros mais citados foram:
5.500
é o número de documentos em que, no mínimo, um dos cinco pesquisadores mais influentes foi mencionado
A USP é a instituição de ensino com maior número de citações em políticas públicas, com 22 pesquisadores vinculados. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) é a segunda, com sete cientistas.
Com a proximidade da COP30, a Conferência do Clima que ocorre em novembro em Belém, no Pará, o levantamento da Bori e da Overton também identificou os cientistas com mais menções em políticas públicas ligadas ao ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 13, que trata da ação contra a mudança global do clima. A maior parte dos 50 pesquisadores mais citados em políticas públicas sobre o tema são vinculados ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), à USP e à UFRJ.
A líder do ranking é Micheline de Souza Zanotti Stagliorio Coêlho, da USP, citada no relatório “Climate Change 2021: The Physical Science Basis”, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima). O documento foi referenciado por mais de 4.200 relatórios de políticas públicas.

Dos 107 pesquisadores identificados pelo levantamento, 22 são mulheres. O valor é correspondente a 20,5% do total de cientistas brasileiros mencionados nas políticas públicas.
Além disso, a distribuição não é homogênea. Em áreas como alimentação e nutrição, foram encontradas citações a cinco mulheres, entre 16 pesquisadores (31,3%). Em economia e finanças, são quatro para 14 (28,6%).
Alguns dos nomes apresentados no levantamento foram:
Por outro lado, a participação em eixos como Ecossistemas e uso da Terra é bastante reduzida: cinco entre 37 pesquisadores (13,5%) são mulheres. Áreas como Clima e atmosfera, Energia e transição, Políticas públicas e governança, e Educação não têm brasileiras citadas em documentos de políticas públicas.
ESTAVA ERRADO: Na versão original deste texto, a UFRJ estava descrita como Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na verdade, a sigla é referente à Universidade Federal do Rio de Janeiro. O texto foi corrigido às 14h20 do dia 12 de novembro de 2025